Júri se reúne para selecionar trabalhos da mostra principal do Salão de Humor

Cartunistas e profissionais da comunicação e marketing analisam os 2.985 inscritos nesta edição no sábado e domingo, dias 29 e 30, no Hotel Nacional, a partir das 9h

Crítico, esteticamente incrível, inteligente, eficaz, satírico e engraçado. Essas são apenas algumas das qualidades que um trabalho deve ter para se tornar parte da exposição principal do Salão Internacional de Humor de Piracicaba. E é para essa difícil tarefa que um júri, formado por cartunistas e profissionais de comunicação e marketing, se reúne neste fim de semana, dias  29 e 30, no Hotel Nacional, a partir das 9h. Eles irão analisar os 2.985 trabalhos inscritos na mostra, um a um, para selecionar aqueles que irão para a final. Os trabalhos enviados este ano foram produzidos por 560 artistas de 57 países.

O 44º Salão Internacional de Humor é realizado pela Prefeitura de Piracicaba, por meio da Secretaria Municipal da Ação Cultural e Turismo (SemacTur) e Cedhu (Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico de Piracicaba) e faz parte das comemorações pelos 250 anos de Piracicaba. A mostra será aberta no dia 26 de agosto e poderá ser visitada até 12 de outubro, no Armazém 14A do Engenho Central, com entrada gratuita.

O júri de seleção é composto pelos cartunistas William Hussar, Junião e Orlando Pedroso, pelo professor do curso de publicidade, propaganda e criação da Universidade Presbiteriana Mackenzie Ricardo Morellato, pelo caricaturista Baptistão, pela ilustradora Maria Eugênia e pela produtora cultural Ana Helena Curti.

Hussar, que já enviou trabalhos para o Salão, no qual foi seis vezes premiado, e também já fez parte do júri, acredita que os jurados vão se deparar com muitas charges, levando-se em conta o atual cenário político e econômico brasileiro e mundial. “A situação está propensa para a crítica, por isso acredito numa força maior da charge”, disse.

Para o artista gráfico e presidente desta edição do Salão, José Alberto Lovetro, o Jal, é muito importante que os jurados sejam de áreas diversas. “Há um bom balanço entre cartunistas e produtores/jornalistas de humor. É claro que cada júri tem certa preferência, mas nesses anos todos ficou provado que a maioria concorda com os resultados da premiação. Um trabalho difícil para contar mais um ano da história do humor gráfico mundial”, observa Jal.

Segundo informações da equipe do CEDHU, durante a catalogação das obras enviadas, foi possível perceber que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi bastante retratado tanto em charges quantos em caricaturas. Ainda no exterior, o drama dos refugiados em países do Oriente também se destaca. Já no Brasil, os escândalos de corrupção na política e operações da Polícia Federal, como Carne Fraca e Lava Jato,serviram de inspiração aos artistas.

PREMIAÇÃO – Os trabalhos selecionados serão analisados, no dia 19/08, por outro júri, que irá decidir sobre a premiação. Esse júri será formado pelo caricaturista Jean Mulatier (França), pelos cartunistas Arturo Kemchs (México), Raul Fernando Zuleta (Colômbia) e Fernando Gonsales (Brasil), pela pesquisadora em história em quadrinhos e doutora em ciências da comunicação Sônia Luyten,professor titular da ECA/USP (Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo) e ex-diretor geral da Pinacoteca de São Paulo, Tadeu Chiarelli, e pela publicitária e comediante do Festival Risadaria Arianna Nutt.

Os vencedores das categorias cartum, caricatura, charge, quadrinhos e do prêmio temático Criança vão receber premiação no valor total de R$ 55 mil.

Com cartaz criado pelo cartunista Luiz Gê, o 44º Salão de Humor terá uma programação intensa, que inclui mais de 15 exposições paralelas no Engenho Central e em outros espaços, entre elas o 15º Salãozinho de Humor, com cartaz de Mauricio de Sousa.

HISTÓRIA – O Salão Internacional de Humor de Piracicaba surgiu em 1974, durante a ditadura militar, como iniciativa de um grupo de jornalistas, artistas e intelectuais atuantes no cenário político. A partir do sucesso das primeiras edições e do apoio da turma do jornal carioca O Pasquim, importantes cartunistas brasileiros contribuíram para a transformação do Salão em um dos mais conhecidos encontros do humor gráfico no Brasil e no exterior; é, ainda, um dos concursos mais antigos do gênero.