Depois de 12 anos, piracicabano volta a vencer no Salão de Humor

 

(Adolpho Queiroz, Presidente da AHA, Associação dos Amigos do Salão de Humor)

Untitled
Crócomo em seu atelier/garagem

 

            Depois de 12 anos um piracicabano, com escultura/caricatura voltou a vencer em uma edição do 45º Salão Interncional de Humor de Piracicaba, recebendo o Prêmio Águas do Mirante. A última vez que isso ocorreu foi em 2006, com uma caricatura de Lucas Leibholz, sobre Pablo Picasso – o mesmo tem que ensejou a vitória ao andreense Luiz Fernandes, que ganhou o Grande Prêmio Zélio no sábado.

            Antes desse prêmio artistas da cidade tinham vencido em anos anteriores: Marisa Hipólito em 1982; Denise Lutgens, em 84; Eduardo Grosso e Gil Nozela em 88; Willian Hussar em 93,95,96,99,2002 e 2005 e Lucas Longo, em 1998.

            O professor universitário e escultor nas horas vagas, Francisco Constantino Crócomo é o sétimo artista piracicabano a vencer no certame. É referência na comunidade científica e na imprensa local por seus estudos através do Banco Sócio Econômico de Dados de Piracicaba, que dirigiu por anos na Universidade Metodista de Piracicaba, onde graduou-se em economia e administração de empresas. Depois disso fez o mestrado e o doutorado na ESALQ.

            Mas foi por causa de um vendaval em 2007, que derrubou inúmeras árvores que Crócomo estendeu seu olhar para troncos caídos e passou a iniciar-se no campo das esculturas em madeira. Ia sempre observar o trabalho do também escultor Pedro Sinicato – que foi aluno de Neno Nardin – e o encaminhou nas sus primeiras incursões como escultor.

Outro fato marcante foi a escultura/caricatura de Email Wainstock, vencedora do II Salão de Humor em 1975, que segundo Crócomo “foi uma imagem que nunca mais saiu de minha cabeça, como estimulo para que eu pensasse também nas caricaturas em formato de esculturas”

 

Untitled1
O juiz Sérgio Moro”, vencedor na categoria artista brasileiro, prêmio Águas do Mirante.

 

 

            Nas horas vagas, especialmente nos sábados e domingos, ao lado do médico, amigo e também escultor Dr. Arair Ferrari, ocupavam a garagem da casa de um cunhado, transformada em atelier da dupla e de outros amigos que passaram a frequentar o ambiente e incursionar pelos salões de artes da cidade, como o de Belas Artes, Arte contemporânea, Bienal Naif, até chegar ao Salão de Humor.

            Nos últimos três anos Crócomo – ou “Chico”, como os amigos mais próximos da faculdade da Unimep o chamam – enviou diversos trabalhos de caricaturas em forma de esculturas que foram selecionados para o Salão. Um pódio de olimpíada onde a “caixa dois” era maior que o primeiro lugar; um dedão, para o tema delação premiada e uma cunha de madeira, como crítica ao ex presidente da Câmara Eduardo Cunha, hoje preso, foram as temáticas que o sensibilizaram.

            Sempre correndo entre suas aulas, afazeres particulares e “na última hora, como todo brasileiro”, conforme disse, acabou entregando uma escultura em que o juiz Sérgio Moro aparece no formato de um martelo uado pelos juízes para definir uma sessão.

            A madeira do martelo foi conseguida com o amigo e também artista plástico Rocco Caputo, a partir de um armário de imbuia que foi desmontado e de onde tirou as partes cilíndricas do martelo. E o cabo, um pedaço de imbuia que também sobrou do armário, constituiu o corpo magro do juiz da “Lava Jato”. O cabelo preto foi feito com massa, assim como a gravata.

            “Rabisquei algumas vezes a feição dele e depois comecei a entalhar. E deu certo”, disse o autor.

            “Foi uma martelada hein…’, definiu Chico Caruso, o cartunista da equipe dos pioneiros do Salão a Crócomo no sábado, durante a abertura do Salão. “De tanto bater, o martelo está gasto”, comentou outro amigo. “Ele é o próprio martelo”, disse outro”.

            “As interpretações sobre a obra devem ganhar o Brasil agora e sofrer aplausos e críticas, dependendo de quem olhar o trabalho. Mas isso já não importa. Agora é curtir o prêmio e o reconhecimento público pelo meu trabalho”, disse Crócomo. Quando soube que o prêmio é isento de Imposto de Renda seu sorriso foi mais largo. Ele soltou um “viva !!!!”