Angeli se despede dos quadrinhos e encerra uma era

Cartunista – um dos mais conhecidos e reconhecidos do Brasil – recebeu diagnóstico de afasia e decide se afastar do trabalho

O cartunista Angeli, que anuncia despedida das charges e quadrinhos após mais de 50 anos (Foto: Andre Seiti/Divulgação)

Arnaldo Angeli Filho – mais conhecido como Angeli – um dos ícones do underground das charges, anunciou hoje que está se aposentando.

Com um diagnóstico de afasia (doença degenerativa que afeta a comunicação, incapacitando o portador de se expressar de forma verbal e escrita), o cartunista de 65 anos resolveu se afastar dos lápis, papéis, tablets e outros instrumentos de trabalho, encerrando assim uma era revolucionária dos quadrinhos, boa parte deles ao lado de Laerte Coutinho e Glauco Villas Boas (1957-2010), como em seus grandes personagens como Rê Bordosa, Skrotinhos, Wood & Stock e Bob Cuspe.

Na Flip, realizada em 2012, em um bate papo bem humorado ao lado de Laerte, Angeli lembrou que a repressão da ditadura acabou permitindo que surgisse o Salão de Humor de Piracicaba, onde seu trabalho chamou a atenção de uma cartunista que o recomendou para a Folha. Tempos depois, resolveu indicar Glauco para trabalhar na Folha também.

Angeli é parte importante da história dos quadrinhos brasileiros e da própria Folha“, diz o diretor de Redação do jornalSérgio Dávila. “Influenciou mais de uma geração de autores com seu traço único e seu comentário ácido sobre comportamento e política.

Ainda no Salão Internacional de Humor de Piracicaba, foi premiado com uma charge em 1975, autor do cartaz da 11ª edição do evento, realizado em 1988, e jurado em outras edições.

Charge de Angeli premiada em 1975, no 2º SIHP
Cartaz feito por Angeli em 1988, no 11º SIHP

Angeli, Glauco e Laerte, juntos em Piracicaba